quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Aline

Quando ela ainda estava como medo de mim...
No sábado retrasado, 01, estava na casa de minha sogra quando começamos a ouvir um miado escandaloso no jardim que fica na frente da casa. Pensei que fosse de um gato já conhecido na rua que vive solto e volta para a casa do dono quando a fome bate ou quando quer carinho. Sempre brinco com ele quando o encontro, então saí para encontrá-lo e me deparei com esta gatinha, pequenina e frágil.

Se assustou com a minha presença. Miava muito como se estivesse chamando pela mãe. Por impulso, fui atrás para pegá-la, mas rapidamente fugiu de mim.

Notei que o olhar dela não demonstrava apenas medo, mas curiosidade. Decidi conquistá-la. Determinada, tive paciência de ficar por mais de uma hora para conquistar a confiança dela.

Sentei no chão e fiquei batendo altos papos com ela. Quem visse, juraria que eu era louca. Até miei um pouquinho... Uma tentativa fracassada de "falarmos" a mesma língua.

Ela ficou um tempão sentadinha olhando para mim, aproveitei e tirei várias fotos dela, como esta que está no canto acima.

Entrei na casa para buscar um pouco de leite e quando retornei, não a encontrei, pensei até que tivesse fugido. Ainda assim, resolvi esperar um pouco, sentei em outro lugar, peguei o celular para fazer uma ligação e quando menos esperei, ela saiu do meio das plantas, foi em minha direção e sentou bem na minha frente. Daí tirei fotos como esta:

   
Por espontânea vontade, ela se aproximou de mim. Me cheirou e comecei a agradá-la, em pouco tempo já estava em meu colo. Entrei na casa com ela, como o João já sabia sobre minha vontade de ter outro gato, aceitou numa boa o fato de levá-la conosco.

Nisso, decidi publicar duas fotos dela no meu perfil pessoal do Facebook e contei como tinha a encontrado. Um dos comentários foi do Humberto, namorado de um amigo. Ele perguntou se eu não poderia doá-la à ele, já que a gatinha que tinha, faleceu há poucos meses atrás. Pensei um pouco e resolvi então levá-la. Ele queria outra gata, ela precisava de um lar e amor. Matei dois coelhos com uma cajadada só.

Da casa de minha sogra, fomos direto para a cada dele, pois se ficasse mais um pouco com ela, desistiria de entregá-la. Logo ganhou um nome dele: Mona.

Fiquei com o coração apertado em nossa despedida, mas sabia que estaria em boas mãos e poderia vê-la esporadicamente.

Na segunda à tarde, Humberto me ligou desesperado. Mona passou o final de semana miando muito e o vizinho reclamou do barulho ao síndico que, mandou um comunicado dizendo que ele teria 48 horas para resolver a situação. Ou seja, apenas dois dias para tirar a gata de lá. Até mesmo por que, no prédio, é proibido ter animais. Humberto que foi morar lá no mês passado, não sabia deste pequeno detalhe.

 Eu disse que ficaria com ela, então na segunda à noite fui buscá-la.

Já no carro, Mona tornou-se Aline, que é o nome da gata que tive na adolescência e que ficou com os meus pais. Elas são bem parecidas, malhadas com três cores, se perderam ou foram abandonadas pela mãe ainda muito pequenas e são extremamente dóceis.

Fiquei preocupada com a adaptação em casa. Minha preocupação não era nem com a Tati, pois ela não pode ver um gato na rua que já começa a abanar o toco do rabo. Fiquei preocupada com a Duda, pois numa noite a levei para conhecer o Johnny ( o persa da Fê ) e ficou o tempo todo baforando pro ex-futuro namorado.

E não foi diferente do que imaginei. A Tati logo de cara amou a nova irmã felina, já a Duda baforou demais e ameaçou ir para cima por várias vezes. Formou-se um triângulo nada amoroso: a Duda baforava para a Aline que baforava para a Tati.

A adaptação foi mais rápida do que pensei, demorou apenas quatro dias. A Duda ainda não morre de amores pela Aline, mas parou de baforar e já estão se aproximando mais, uma cheira a outra com curiosidade, acredito que daqui a alguns dias já estarão brincando. Comem uma ao lado da outra, cada uma em seu pratinho, dividem a mesma bandeja de areia para as necessidades e dormem próximas.

Levei a Aline à veterinária na terça retrasada, fiquei sabendo que tem no máximo um mês e meio de vida. Estava desidratada, com vermes e pulguenta. Coisas normais para um bicho que estava na rua. Já dei toda a medicação necessária e está bem, se sentindo em casa.

Dizem que não somos nós que escolhemos nossos bichos de estimação, mas são eles que nos escolhem. Acredito muito nisso.

Olho para a Aline e me lembro do quanto foi difícil conquistá-la, mas agora está aqui dormindo em meu colo.

Para mim, também é uma maneira de matar saudade da outra Aline...